Ao fazer memória do Concílio Ecumênico Vaticano II, em sua Constituição dogmática sobre a Igreja “Lumen Gentium” , lembramos que o VIII capítulo nos fala da Bem-Aventurada Virgem Maria, mãe de Deus, no mistério de Cristo e da Igreja. A intenção do Concílio ao expor a doutrina da Igreja, na qual o divino Redentor opera a salvação, deseja esclarecer que: quer a função da Santíssima Virgem no mistério do Verbo encarnado e do corpo místico, quer os deveres dos próprios homens remidos para com a mãe de Deus, a Virgem Maria é Mãe de Cristo e dos homens, em especial dos fiéis.

A Virgem Maria, tendo concebido a Cristo, gerando-o, alimentando-o, apresentando-o no Templo ao Pai, sofrendo com seu Filho que morria na cruz, ela cooperou de modo absolutamente singular, com sua obediência, fé, esperança e caridade ardente, na obra do Salvador para restaurar a vida sobrenatural das almas. Por tudo isso, na fé, ela se torna nossa mãe na ordem da graça.

Invocada, na Igreja, ela torna-se advogada, auxiliadora, socorro, Medianeira. Sua intercessão materna em nada prejudica nem acrescenta à dignidade e à eficácia de Cristo, o único mediador. A Igreja proclama essa função subordinada de Maria, sente-a e a inculca nos fiéis.

Nenhuma criatura pode colocar-se no mesmo plano que o Verbo Encarnado e Redentor; mas, assim como o sacerdócio de Cristo é participado de modo diverso pelos ministros sagrados e pelo povo fiel, e assim como a bondade de Deus, única, se difunde realmente em medida diversa pelas suas criaturas, assim também a única mediação do Redentor não exclui, antes, suscita nas criaturas uma cooperação múltipla, embora participada da fonte única.

Maria está intimamente ligada à igreja. Assim como Nossa Senhora, a Igreja é também mãe e virgem. Ao dar à luz Jesus, seu Filho, constituído Cristo, Senhor e cabeça da Igreja, a Virgem Maria torna-se também mãe de todos os membros da Igreja, cooperando com amor para a educação de seus filhos. A Igreja, com Maria, por sua vez, gera Cristo no coração dos fiéis, cuidando posteriormente de todos com afeto maternal.

Essas considerações sobre Maria, mãe de Deus, no mistério de Cristo e da Igreja, integram a constituição dogmática “Lumen Gentium”, ajudando-nos a compreender que a ação do Espírito Santo, por meio da Iniciação à vida Cristã, faz com que a Igreja se torne Mãe, geradora de Filhos e filhas que, à medida que vão sendo inseridos no mistério de Cristo, se tornam, ao mesmo tempo, crentes, profetas, servidores e testemunhas. E no exercício de sua função materna, a Igreja vai além das fronteiras étnicas, culturais e sociais. Diz o documento 107 da CNBB em seu n. 112: “…Onde houver alguém à procura da água viva e borbulhante, disposto à busca de Deus em Cristo Jesus, aí ela está presente para criar as condições favoráveis ao início de um caminho de vida nova: anunciando o querigma, favorecendo o aprofundamento, iluminando a vida e saboreando os mistérios cristãos.”

Uma Igreja mistagógica e materna volta seu olhar para Maria, a “Mãe do Evangelho Vivente” e da Igreja para com ela aprender como ser próxima e presente, ela que é modelo de discípula seguidora do Cristo e modelo eclesial para a evangelização.

A Igreja, a partir do Vaticano II, propõe a experiência catecumenal, e nos apresenta o documento RICA – Ritual de Iniciação Cristã de adulto, um documento litúrgico com ritos, orações e celebrações que nos ajudam a tornar nossas catequeses mais participativas e vivenciais, nos proporcionando um maior envolvimento com processo de Iniciação à vida Cristã e nos leva ao encontro mais profundo com a pessoa de Jesus Cristo, nele podendo inspirar para darmos o melhor de nós, nos colocando a serviço do Reino, expresso na vivência dos sacramentos do Batismo, da Crisma e da Eucaristia, sacramentos estes de Iniciação à Vida Cristã e que nos convocam para fazer a experiência da vida de Jesus, o Nazareno morto, crucificado e Ressuscitado, cujo espírito nos enviou para poder estar sempre presente em nós e no meio de nós.

Neuza Silveira de Souza

Secretariado Arquidiocesano bíblico-catequético de BH