O que pais e educadores podem aprender e ensinar no relacionamento no novo continente da internet e das redes sociais.

Steven Jobs, o visionário e inovador das tecnologias e da cultura digital, falecido no dia 5 de outubro de 2010, deixou-nos algumas preciosas orientações sobre como nós, seres humanos, independentemente de diferenças culturais e políticas, gostamos de nos relacionar através das mídias e como estas se tornaram parte de nossas vidas e parceiras inseparáveis nos lares, nos escritórios, nas escolas, nas viagens, nos momentos de lazer e de trabalho.

Jobs dizia com genialidade que tecnologia, beleza e humanismo caminham de mãos dadas. Sem dúvida, ele interpretou com profundidade a linguagem e a motivação das novas gerações. E nos aponta que os tempos mudaram e que a comunicação está no centro de nossas vidas e do nosso trabalho. Estes novos tempos têm tudo a ver com o sonho das novas gerações. 

Nós formamos uma simbiose com as novas tecnologias

A internet, o celular, o rádio, a televisão, o Mp3, o Facebook, os e-mails e nós formamos uma ambiência. Imergimos no universo das linguagens, dos símbolos, dos sentimentos e das realidades do dia a dia através das mídias. As novas tecnologias não estão separadas de nós. Com a sociedade midiática não existe mais a fronteira que nos divide das mídias. Interagimos com elas naturalmente.

Educar é interagir

Para conhecermos melhor o rosto e o coração das novas gerações, precisamos, como pais e educadores, mergulhar juntos nesse universo digital que tende a crescer e nos envolver cada vez mais.
Um pai que quer saber o que o seu filho está aprendendo precisa entrar no universo da linguagem midiática e compreender o modo como o filho percebe o mundo digital e interage com as novas tecnologias. Uma mãe que quer entender como o seu filho está se preparando para ser um cidadão e um cristão do futuro, precisa saber como ele ouve música, como interage no Facebook, como se relaciona em rede com os amigos.

Um educador que quer educar verdadeiramente necessita conhecer as novas linguagens virtuais, como funciona o alfabeto digital, como são elaboradas as novas enciclopédias do conhecimento, como funciona a rede da construção dos saberes e como eles estão desenhando os novos ambientes de trabalho e se engajando, por meio das mídias, nas questões políticas e sociais.

Comunicar é aprender novas linguagens

Desenvolver a lógica jogando vídeo game. Criar um conceito novo pela observação das relações humanas nas redes sociais. Aprender com o lúdico e o fácil acesso. Escrever com chips novos conceitos. Manusear novos softwares como enciclopédias, livros, textos didáticos. Desenhar, integrar a beleza do som com a força das imagens e fazer tarefas midiáticas. Buscar a simplicidade de um conceito e aplicá-lo para resolver questões práticas da vida. Navegar nas salas virtuais e confrontar com professores que se tornam parceiros em projetos de pesquisas e promovem o conhecimento como empreendedorismo, inovação e solidariedade. O continente digital tem como língua mãe o virtual e o digital.

Formar é saber se relacionar

No encontro e no relacionamento, os jovens nos testam, nos desafiam como educadores e nos conhecem como pais. Insistem na integridade. Analisam minuciosamente o que falamos, o que propomos e no que de fato acreditamos. Por meio do que é verdadeiro e real, do que é tangível e acessível, eles nos acompanham e se tornam amigos de confiança e de compromisso.

Evangelizar é favorecer experiências significativas

A nova geração é aberta a Deus e ao mistério e, às vezes, tem dificuldade de verbalizar as próprias experiências. A religião torna-se uma experiência e um discipulado quando pais e educadores favorecem experiências que lhe tocam o coração e a alma. Generosamente se entregam ao serviço e à solidariedade quando descobrem pelo exemplo e testemunho que a vida abre novos horizontes no serviço aos outros.

Profissionalizar é amadurecer com competência. O caminho da formação passa pela harmonia e sintonia entre a liberdade responsável, a disciplina criativa e o empenho produtivo. A geração Net tem muito a nos ensinar sobre os novos caminhos do aprendizado e da inovação.

Solidarizar é contribuir com a sociedade

A geração Net não levanta bandeiras ideológicas, mas acredita na força da solidariedade e da política dos valores percebidos a serviço da transformação da sociedade, da preservação do meio ambiente, da transparência política e do serviço de voluntariado.

Comprometer é ser capaz de estabelecer relações amorosas e fiéis

Os componentes da geração Net querem amar e ser amados. O continente digital é um continente de relações humanas, não simplesmente um universo de aparato tecnológico. Não estamos vivendo hoje uma revolução digital, mas uma busca constante e intensa de relacionamento, do sentido de pertença e de ambiência para filhos, pais e educadores viverem em uma sociedade mais humana e fraterna. Essa busca de significado para a existência e para as relações humanas nos novos pátios passa pelo encontro necessário e fundamental com Deus, Pai de coração misericordioso e amoroso, que generosamente nos acolhe como filhos e filhas.Como dizia São João Bosco, o maior educador da juventude: “Educação é coisa do coração”. E o amor é a linguagem e a expressão maior da vida e do sonho da geração internet; dos filhos, pais e educadores que estão descobrindo juntos o continente digital.

 

Padre Gildásio Mendes

FONTE: http://www.boletimsalesiano.org.br