Se me escutasse mais, eu perguntaria menos ‘o que você faria no meu lugar?’

(Do livro O Cultivo Espiritual, Francisco Galvão)

 

Não permita que o barulho, a pressa ou a ocupação excessiva o façam desviar-se daquilo que é essencial em sua vida. Quem pouco se escuta, facilmente perde a direção do caminho.

Reservar um tempinho para si, em meio à correria diária, é um presente que ninguém lhe pode dar a não ser você mesmo. Acredite: a Vida recompensa a quem não foge de sua interioridade, a quem não tem medo de enfrentar suas cruzes diárias. Cada alvorecer traz uma nova oportunidade de autodescoberta.

Jamais negue suas fraquezas ou se feche em suas fragilidades. As portas da transcendência se abrirão para você na medida de sua humanidade e de sua compaixão. Ninguém se faz santo sem um espinho na carne.

Quem realmente se conhece, jamais se engana com os elogios. Jamais se deixa abater pelas críticas. Porque sabe o teor de sua busca. Se você, às vezes, se sente perdido e sem rumo, talvez lhe falte fazer as pazes com o próprio silêncio interior. Pode ser que você esteja esperando demais das pessoas, na expectativa de que alguém lhe mostre o caminho a seguir. Mas, cada vocação é única. Cada um deve achar seu próprio caminho. A luta é comum, mas também solitária.

A vida está se esvaindo minuto a minuto. Pare de esperar receitas prontas para a plenitude. Somos todos buscadores. Olhe para dentro. Retire-se. Questione-se. Arrisque-se mais pelos ideais que você acredita. Se for preciso, "brigue" com Deus, mas não desista de si mesmo.

Por favor, não se encante em demasia com as promessas de felicidade. Liberte-se das esperas que só lhe machucam o coração. Quando a paz não nasce de dentro, todo contentamento tende à efemeridade. Toda expectativa se torna decepção.

Crie laços de confiança e empatia, mas não permita que ninguém tome as rédeas dos seus sonhos por você. Ouça o conselho dos sábios e dos amigos, mas nunca se esqueça de consultar sua própria voz interior.

No fim das contas, só quem soube silenciar diante de suas inquietudes mais profundas estará apto a desvelar as sutilezas da própria felicidade.

 

Francisco Galvão, religioso Paulino, graduado em teologia, mestrando em comunicação social e autor do livro “O Cultivo Espiritual em tempos de conectividade”, lançado recentemente pela Editora Paulus.