No Antigo Testamento, a Aliança foi concluída no monte Sinai e selada pelo sangue dos holocaustos (Leiam Êxodo 24,1-8). Assim, a Nova Aliança é selada pelo sangue de Cristo na Cruz. Cristo é a vítima, o Cordeiro. Esta Aliança é revivida num ritual perpétuo, pela comunidade cristã,em cada Eucaristia (cf. Mateus 26,28). A Aliança continua. Cristo é o Esposo da comunidade cristã. São Paulo assim escreve:
“Experimento por vós um zelo semelhante ao de Deus. Desposei-vos a um esposo único, a Cristo, a quem devo apresentar-vos como virgem pura” (2Coríntios 11,2).
Em todas as suas cartas, Paulo aprofunda este mistério e mostra como a comunidade deve viver como “Esposa de Cristo”.
A Aliança nos Evangelhos de Mateus e Lucas
Quando os Evangelhos falam de casamento, banquete, convidados... estão falando daquele matrimônio entre Cristo - o Esposo, e a comunidade cristã - a Esposa. Ler e comentar Mateus 9,15; 22,1-10; 25,1-13 e Lucas 14,15-23.
A Aliança no Evangelho de João
As Bodas de Caná
No início do Evangelho de João lemos a conhecida narração das Bodas de Caná. Todos nós a conhecemos, mas poucos entendem sua linguagem simbólica. O texto é uma alusão à imagem do “casamento” de Cristo (o noivo) com a noiva (a Comunidade cristã). Como já vimos, casamento significa a realização do perfeito relacionamento entre Deus e o Povo, as núpcias definitivas. A mãe de Jesus estava na festa. Ela simboliza o Antigo Testamento e ajudou a fazer a passagem do Antigo para o Novo.
No meio da festa, o vinho se acabou. Então, Jesus mandou encher as talhas com água. A água que está nas talhas de pedra representa a Toráh dada no Sinai. A observância das leis da pureza, simbolizada pelos seis potes vazios, tinha esgotado as suas possibilidades. A velha aliança estava vazia. Já não era mais capaz de gerar nova vida. O vinho, que antes era água, simboliza a nova maneira de Deus se apresentar, agora na pessoa de Jesus. (Leiam João 2,1-11)
A mulher samaritana
Lendo o cap.4 do Evangelho de João, a conversa de Jesus com a mulher samaritana, Jesus lhe diz: “Vai e chama o teu marido” (v.16). Ela responde: “Não tenho marido”. E Jesus replica: “Falaste bem, porque já tiveste cinco e o que tens agora não é teu”. Aqui também entra o simbólico. Não se trata de maridos, mas de ídolos adorados pelos samaritanos. Jesus está falando de divindades numa perspectiva da relação de aliança. É como se Jesus dissesse: Vocês já tiveram vários senhores ou maridos, mas agora está diante de vocês o verdadeiro esposo. (A mulher representa aqui o povo samaritano)
A Aliança no Apocalipse
O Apocalipse foi escrito numa época em que as comunidades cristãs estavam passando por perseguições e muitas crises. É um tipo de literatura cheia de simbolismos e linguagem misteriosa, mas que quer pôr esperança no final vitorioso de Deus.
O livro apresenta as núpcias do Cordeiro no fim dos tempos (cf. Apocalipse 21-22). “Vi descer do céu, de junto de Deus, a cidade santa, a Jerusalém nova, pronta como uma esposa que se enfeitou para seu marido” (Apocalipse 21,2).
Leia: cap. 19,4-9 e cap.21,1-2.9-11.22-27). Observem quantas vezes se fala de “Cordeiro” e “Esposa”.
Saborear o texto, interiorizar, rezar
Ler João 20,1.11-18.
Este Evangelho segue, com liberdade, o esquema de busca e encontro da esposa do Cântico dos Cânticos (Ler Ct 3,1-4): impaciência do amor, saída depressa, busca em vão, diálogo com os guardas (anjos), encontro, abraço...
O lugar do encontro com Maria Madalena é um jardim que, além do jardim citado no livro Cântico dos Cânticos (Ct 5,1;7,11-14), se refere ao Paraíso Terrestre.
Os evangelistas sinóticos falam que Jesus foi enterrado num túmulo escavado na rocha. João fala que Jesus foi sepultado num jardim. Com isto, ele faz a ligação entre o Paraíso, o jardim do Cântico dos Cânticos (ler 6,1-3) e a vivência das núpcias de Cristo com sua Igreja.
Maria Madalena reconheceu Jesus quando ele pronunciou seu nome. É o Esposo que pronuncia com amor o nome de sua amada. O encontro se faz!
Pode-se verem Maria Madalenaa comunidade (esposa) a procura do seu Esposo, no meio das trevas e dificuldades pelas quais as primeiras comunidades passavam.
Lendo todos os textos citados, qual é a mensagem para nós, hoje, pessoalmente, e para nossa comunidade.
Fiquemos na presença do Senhor o maior tempo possível, saboreando os textos lidos e dando nossa resposta pessoal.
Terminemos com a leitura de Ct 8,5-7
Inês Broshuis
Comissão Regional Bíblico-Catequética do Leste II
15.05.2012