Chegamos ao Mês da Bíblia. Com o tema “Para que n’Ele nossos povos tenham vida – Primeira Carta aos Tessalonicenses”, o lema deste ano traz como enfoque “Anunciar o Evangelho e doar a própria vida” (cf. 1Ts 2,8). O Mês da Bíblia 2017 tem como proposta de estudo a Primeira Carta de Paulo aos Tessalonicenses, com o objetivo de levar as pessoas a um encontro pessoal e comunitário com a Palavra, na doação da própria vida. Este é indicado pela Comissão Bíblico Catequética, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em parceria com as Instituições Bíblicas e o Serviço de Animação Bíblica.
Desse modo, é importante reparar que a temática parte da comunidade de Tessalônica, formada em meio à luta, perseguição, trabalho árduo, batalha incessante. Um foco de perseguições é descrito como proveniente das autoridades judaicas e poderosas da época. A leitura da Carta nos desafia a cultivar uma espiritualidade no conflito. A defesa e doação da vida nos coloca na contramão dos que tiram proveito da corrupção, da violência e da morte. Anunciar o Evangelho e defender a vida são os dois lados de uma mesma moeda. A realidade desse anúncio incomoda, o discípulo missionário deve estar disposto a doar a própria vida (cf. 1 Ts 2,8). Foi assim com Jesus e com os profetas, bem como com os cristãos de Tessalônica (cf. 1 Ts 2,15-16).
Deus não abandona os seus missionários, os fortalece e está junto em sua luta. Porém, para andar na luz diante dos conflitos é preciso vigilância: “Não dormir”, “vigiar”, “ser sóbrios” (cf. 1Ts 5, 6). A exortação à sobriedade é própria dos filhos da luz, como lemos em 1Ts 5, 8 com o acréscimo da vivência das virtudes da fé, do amor e da esperança. A vigilância dá identidade à vida cristã. Significa que os cristãos “filhos do dia”, caminham sob a luz de Cristo, com um novo projeto de vida.
O final da 1ª Carta aos Tessalonicenses faz um apelo à oração e ação de graças: “A oração é a respiração da alma”! Como a comunidade poderia resistir na fé, recobrar o ânimo em meio aos sofrimentos? Certamente com a ajuda de orações contínuas. “Orai continuamente” (1Ts 5,17). Os missionários dão graças a Deus e sempre se lembram da comunidade nas orações (cf. 1Ts 1,2). É um reconhecimento que o anúncio da Palavra em meio a sofrimentos e tribulações produziu fruto, pela graça de Deus.
O Documento 105 da CNBB nos recorda: “Permanecendo Igreja, como ramo na videira (cf. Jo 15,5), o cristão transita do ambiente eclesial ao mundo civil para, a modo de sal, luz (cf. Mt 5,13-14) e fermento (cf. Mt 13,33) somar com todos os cidadãos de boa vontade, na construção da cidadania plena para todos. Não é preciso ‘sair’ da Igreja para ‘ir’ ao mundo, como não é preciso ‘sair’ do mundo para ‘entrar’ e ‘viver’ na Igreja’”.
Doar a vida é manter o clima de alegria e esperança mesmo nas dificuldades: “Ficai sempre alegres” (1Ts 5,16). Enfim, alegrai-vos. O imperativo indica ordem, portanto há uma necessidade de agir em meio à comunidade, especialmente em favor dos mais fracos e aqueles que não se encaixam em todas as exigências da Igreja. A exortação é sempre em favor da construção da comunidade, para reanimar e criar um clima fraterno a luz da Palavra de Deus.
Fernando Acácio de Oliveira
Seminarista da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim-ES, pós-graduado em Sagrada Escritura pelo Centro Universitário Claretiano-SP. Atualmente está graduando em Teologia no IFTAV-ES e pós-graduando em Direito Matrimonial Canônico no ISTA-BH.