Carta Pra Você
Kell Smith
 
Quanto tempo a gente leva pra aceitar?
Se é que a gente aceita, né?
Impossível alguém se preparar
Jamais deixarei de te amar
E esse amor é quem mantém a fé
De que ainda vou te encontrar
Escrevi o seu nome no meu coração
Tá marcado aqui
Esse é nosso eterno amor
Imortal em mim
Pode o tempo passar
Toda a vida acabar
Ainda não é o fim
Viver me faz te lembrar
Quase te tocar
Posso te sentir
E quando a saudade apertar
Interrompendo o meu café
Vou sorrir ainda que chorar
Escrevi o seu nome no meu coração
Tá marcado aqui
Esse é nosso eterno amor
Imortal em mim
Pode o tempo passar
Toda a vida acabar
Ainda não é o fim
Viver me faz te lembrar
Quase te tocar
Posso te sentir

 
Diante de tantas mortes pela COVID-19, o CATEQUESE HOJE não faz homenagem: faz comunhão e reza cantando. A música Carta Pra Você de Kell Smith é para uma escuta de adultos na fé. Retrata nossa fragilidade na saudade, e nosso desafio frente o luto. Como não evangelizar passando por essa condição? Ouça! Reze! Sinta! Ofereça: colo, ombro amigo, escuta atenta... compaixão.
 
 
Do luto para o Amor Ressurreição

Entre as atitudes cristãs mais bonitas, apesar da nossa fragilidade humana, é estar presente com as pessoas nos momentos mais difíceis: a morte de um familiar, um amigo, um conhecido ou estranho, que seja, prestando solidariedade e afeto. A vivência do luto é dolorosa e ao mesmo tempo fundamental. Quando a irmã morte visita alguém que amamos, nos restam memórias, histórias e saudades doídas e chorosas.

Ao nos depararmos com essa condição, elaborar tais memórias oferece um revisitar à grandes experiência e momentos vividos com intensidade de cuidado e amadurecimento. Garante uma compreensão saudável e realista do fato, sem ilusões ou fantasias tóxicas. Igualmente, revisitar as histórias dos que se vão, ajuda a compreender suas escolhas e caminhos, facilita perceber como sua forma de ser era carregada dos fatores que o envolviam, e como nossa presença em sua vida nos fez parte de uma historiografia singular e significativa. Por fim, entre lágrimas e gemidos de dor, a saudade é tempero que acentua o sabor, fazendo-nos degustar os amargos dias presentes com a sensação de que o ontem, ao lado de quem se foi, poderia ter sido melhor banqueteado, e isso nos ensina a preparar farturas de esperança e vida.

Esse tempo de pandemia nos colocou perto da morte e de muita gente sofrida por essa dor. Em muitos casos não houve tempo de se despedir ou celebrar os conclusivos momentos da partida. Muitos entraram como suspeitos e não foram mais vistos vivos. Outros, estavam muito bem, parecia coisa simples, e a notícia foi chocante e incompreensível. Muitos outros, ainda, nem tiveram diagnóstico confirmado ou concretamente partiram de outras limitações. No entanto, receberam tratamento único, limitado, restrito, normatizado. E o pior: são números! Mais de 10, 100, 1000...

Uma grande maioria dirá que o tempo vai ajudar a superar tudo isso. O tempo? Pode passar! A única possibilidade de luto produtivo e revolucionário, nesses tempos, ou em tantos outros, só será profundamente humano, e cristão, se for regado de amor. Amor eterniza, produz sentimento e faz viver... ressuscitar.

 
Evandro Alves Bastos
01.10.2020