A narrativa do Evangelho João 1, 35-42 aponta as características essenciais do itinerário de fé dos discípulos de todos os tempos, inclusive para nós, a partir da pergunta que Jesus dirige aos dois que, impelidos por João Batista, se põem a segui-lo: «Que procurais?».
É a mesma pergunta que, na manhã de Páscoa, o Ressuscitado dirigirá a Maria Madalena: «Mulher, quem procuras?». Cada um de nós, enquanto ser humano, está à procura: à procura de felicidade, de amor, de vida boa e plena. Deus Pai deu-nos tudo isto no seu Filho Jesus.
Nesta procura é fundamental o papel de uma verdadeira testemunha, de uma pessoa que antes fez o caminho e encontrou o Senhor. No Evangelho, João Batista é esta testemunha. Por isso pode orientar os discípulos para Jesus, que os envolve numa nova experiência dizendo: «Vinde e vereis».
E aqueles dois nunca mais poderão esquecer a beleza daquele encontro, ao ponto de o evangelista anotar até a hora: «Eram cerca das quatro da tarde». Só um encontro pessoal com Jesus gera um caminho de fé e de discipulado.
Podemos fazer muitas experiências, realizar muitas coisas, estabelecer relações com muitas pessoas, mas só o encontro com Jesus, naquela hora que Deus conhece, pode dar sentido pleno à nossa vida e tornar fecundos os nossos projetos e as nossas iniciativas.
Não basta construir-se uma imagem de Deus baseada no que se ouve dizer; é preciso ir à procura do Mestre divino e ir onde Ele mora. O pedido dos dois discípulos a Jesus - «onde moras?» - tem um sentido espiritual forte: exprime o desejo de saber onde habita o Mestre, para poder estar com Ele.
A vida de fé consiste no desejo de estar com o Senhor, e portanto numa procura contínua do lugar onde Ele mora. Isto significa que somos chamados a superar uma religiosidade previsível e rotineira.
Para isso, é preciso reavivar o encontro com Jesus na oração, na meditação da Palavra de Deus e na frequência dos sacramentos, para estar com Ele e levar frutos graças a Ele, à sua ajuda, à sua graça. Procurar Jesus, encontrar Jesus, seguir Jesus: este é o caminho.
Vaticano, Angelus, 14.1.2018
Fonte:Sala de Imprensa da Santa Sé