“EU VI O SENHOR” (Ano B)
(Jo 20, 1.11-18)
(Reflexão para o tempo da Páscoa)
Introdução
Esta reflexão, própria para o primeiro dia da Páscoa, talvez seja feita melhor individualmente, no meio da natureza, num jardim.
“Beba” o silêncio do lugar, prepare-se para um encontro pessoal com o Senhor Ressuscitado. (Se for com mais pessoas, procurem guardar os momentos de silêncio, oração, leituras...)
Leia, agora, devagar, o texto citado acima procurando saborear a sua beleza e profundidade.
Este Evangelho segue, com liberdade, o esquema da esposa do Cântico dos Cânticos”. Agora, vamos deixar-nos inspirar por este livro. É uma coleção de poesias de amor que foram lidas nas sinagogas, na festa da primavera (em Israel), a Páscoa. Na tradição judaica o Canto significa o amor entre o povo eleito e Deus. Na tradição cristã, simboliza o amor entre Cristo e a Igreja (a comunidade).
O assunto não é o casamento, mas o amor. (Leia na sua Bíblia a introdução ao Livro dos Cânticos, para maior esclarecimento)
Para aproveitar do melhor modo esta reflexão, é necessário ler todos os textos citados do Livro Cântico dos Cânticos.
Já perceberam que somente no Evangelho de João se fala que Jesus foi enterrado num JARDIM (Cf. Jo 19,41)? O jardim perpassa todo o livro dos Cânticos, e o evangelho também fala de um jardim (Ct 5,1; 6,1-2; 7,11-14). Faz lembrar também o Paraíso terrestre, talvez fundamentado no Gn 2,23-24.
Vamos agora, passo a passo, acompanhar Maria Madalena na sua procura de Jesus
Ela é uma das três mulheres que estiveram junto à cruz. Ela esperou todo o sábado e a noite do dia seguinte, mas se levanta apressadamente de madrugada (Sl 63,2).
O versículo 1 diz que no primeiro dia da semana, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, Maria Madalena foi ao túmulo e viu que a pedra havia sido retirada do túmulo. Maria ficou do lado de fora, chorando.
Ainda estava escuro. Escuridão, no Evangelho de João, simboliza não somente a escuridão exterior, mas também interior. O coração de Maria estava no escuro, triste por causa dos últimos acontecimentos.
Maria viu dois anjos que lhe perguntaram: “Por que choras?” Ela respondeu: “Levaram meu Senhor e não sei onde o colocaram”. (Verifiquemos agora, no Livro dos Cânticos, 3,1-4, a angústia da amada.)
Maria virou-se e viu Jesus, mas pensou que era o jardineiro (referência ao jardim). Perguntou novamente: “Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o colocaste, e eu irei buscá-lo”.
Neste momento, se deu o feliz encontro. Jesus pronunciou seu nome, e ela reconheceu o Senhor. Exclamou: “Rabuni” (Mestre).”É a voz do meu amado” ,diz o Cântico (2,8). É a voz do pastor que conhece suas ovelhas, diz João 10,3).
O livro Cântico dos Cânticos termina com uma linda exclamação de amor que é para ler e meditar agora: Ct 8,6-7.
O envio
Jesus disse a Maria: “Vai dizer aos meus irmãos: ”subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. E Maria foi anunciar aos discípulos: “EU VI O SENHOR!”. Maria tornou-se assim a primeira anunciadora da ressurreição.
Será que anuncio a alegria da ressurreição através de meu testemunho de vida? Posso dizer, como Maria: Eu vi o Senhor, eu ouvi sua voz e ele me chamou pelo nome?
Na catequese e no trabalho na comunidade faço ressoar a voz do Senhor Ressuscitado, despertando para alegria e esperança?
Leia de novo o texto do Evangelho. Coloca-se diante do Senhor com toda a atenção como Madalena. Fique na sua presença um bom tempo. Leia duas vezes com muita atenção Ct 8,5-7).
(Em caso de mais pessoas presentes:) Tempo para preces espontâneas e um canto da ressurreição.
Inês Broshuis
Comissão Bíblico-Catequética do Regional Leste 2