Foi-me pedido escrever algo sobre como descobri minha vocação de catequista.


O chamado de Deus sempre é mediado por uma pessoa, um grupo ou pelas circunstâncias da vida. O importante é “ouvir” o apelo, discernir se vem de Deus e ter a disponibilidade de responder.


Comecei meu trabalho de catequista quando cheguei em Lagoa da Prata-MG para trabalhar como professora no ginásio local. O pároco logo me pediu que coordenasse a catequese paroquial e orientasse as professoras dos grupos escolares que, naquele tempo, ainda davam “aulas de religião”. Foi algum tempo antes do início do Concílio Vaticano II, que trouxe muitas renovações na visão teológica, da Igreja, da Liturgia e da Bíblia. Procurei atualizar-me com muito interesse e consegui passar para uma nova visão de catequese.

 

Logo, chegaram convites de diversas cidades para falar às catequistas sobre esta catequese renovada. E, a partir daí, dediquei-me totalmente a esta minha vocação, pois a catequese dentro de uma nova visão se tornou meu grande amor.

 

Deixei Lagoa da Prata em 1966. Fiz um curso de catequese, no ISPAC (Instituto Superior de Pastoral Catequética),em Belo Horizonte, e escrevi alguns livros didáticos para catequistas. Em 1972, o Bispo de Marabá, Dom Estêvão Cardoso de Avellar, me pediu para ir organizar a catequese na sua Prelazia, onde permaneci dois anos. Em 1987, fui chamada para assessorar o Bispo responsável pela catequese na CNBB (Dom Vital Wilderink), em Brasília, função que exerci durante 4 anos. Depois, voltei novamente para Belo Horizonte, onde tenho atuado na Comissão Arquidiocesana de Catequese e também do Leste II.

 

Uma coisa que descobri, durante estes anos: o chamado de Deus não se dá só uma vez, mas acontece constantemente. Nunca “planejei” muito minha vida. As coisas foram acontecendo, os chamados surgindo e a resposta foi dada.

 

Deus é um Deus que chama a gente sempre para frente, na perspectiva do futuro. Faz seus apelos para que seu Reino possa crescer. Deus nos desafia e quer agir através de nós. Ele nos faz crescer, realizar, capacitando-nos para coisas que a gente mesma nunca podia sonhar. Olhando para trás, vejo, como um fio dourado vai tecendo o Plano de Deus para mim. Sempre foram chamados, apelos, convites concretos que esperavam uma resposta. Eles vieram sem que eu os esperasse. Assim, cheguei a entrar no Instituto Secular UNITAS ao qual pertenço desde 1946. Em 1951, vim para o Brasil deixando minha pátria, pulando na escuridão de um futuro desconhecido. Foi respondendo a convites que fui trabalhar em Lagoa da Prata, fui a Marabá, realidade bem diferente da que estava acostumada, fui a Brasília onde fiz uma experiência maravilhosa. Deus chama... e a gente vai, às vezes com medo, às vezes maravilhada. E assim, a minha vida foi se realizando, sem saber exatamente aonde tudo me levaria. Mas, sempre (digo) que acertei. Estou muito feliz na minha vocação que deu um profundo sentido a minha vida.

 

Uma descoberta que fiz também: como é importante um convite pessoal, de pessoa para pessoa. Eu sempre fui convidada bem pessoalmente por alguém. Então, o apelo é mais forte, mais direto, mais refletido. Conta-se com a graça de Deus. Os coordenadores de catequese, os padres, poderiam pensar nisto quando encontram pessoas que parecem ter aptidões e vocação para determinado trabalho pastoral. O convite pessoal pesa mais!

 

Digo a todos: se o convite vier, “Segura na mão de Deus e vai!”

 


Inês Broshuis

Membro da Comissão para Animação Bíblico-Catequética do Leste 2 e da Arquidiocese de Belo Horizonte.

Foi Assessora Nacional de Catequese de 1987 a 1991, membro do GRECAT - Grupo de Reflexão Catequética Nacional.

É autora de vários livros de catequese, formação de Catequistas, Bíblia na Catequese.

Acaba de lançar o subsídio "Encontro com a Palavra" para formação de catequistas, pelo Regional Leste 2.

 

28.08.2013