Achamos importante lembrar ao Catequista o sentido do Tríduo Pascal:
O Lava-pés: “Ensina-me a amar...” Não sabemos amar, muito menos amar até o fim. Quem nos ensina é Jesus. Para os judeus a páscoa é celebração da memória de sua história e identidade. Jesus, celebrando a Páscoa com seus doze discípulos, fez da páscoa o memorial de sua passagem, sua missão da parte de Deus e sua volta ao Pai, através do dom de sua vida na cruz. Fez da páscoa o memorial de seu amor até o fim. Jesus quis dizer mais ainda. Tomando a atitude de escravo, ele aponta para sua morte na cruz, morte de escravo. A cruz é o verdadeiro “serviço de escravo” que Jesus nos presta e pelo qual ele nos liberta. Não devemos ter medo de nos comprometer com quem morre por amor de nós!
Jesus lavou os pés dos discípulos para lhes dar um exemplo de serviço na humildade e no amor radical, que o levou a dar a vida por eles. Também nós devemos servir uns aos outros e dar nossa vida pelos irmãos. Para isso, não basta lavar, na cerimônia, uns pés que já foram anteriormente bem lavados. Trata-se de tornar-nos escravos daqueles que trataríamos como escravos. É uma subversão.
A Ceia Pascal: A páscoa Judaica não cai no mesmo dia que a nossa. Jesus consumiu com os discípulos, a páscoa judaica e no início dessa refeição, lavou os pés de seus discípulos, em sinal de exemplo do dom da própria vida. O Evangelista João nem menciona o momento da Eucaristia, porque a Eucaristia significa comunhão com Jesus, e esta comunhão se expressa maravilhosamente pelo gesto do lava-pés: deixar-se lavar por Jesus, aceitar que Jesus seja nosso servo, que não só lava nossos pés, mas dá sua vida por nós. Por isso, queremos servir nossos irmãos... O lava-pés é a Eucaristia na vida!
A última ceia foi uma ceia da páscoa judaica. Jesus quis celebrar essa ceia, mas ao mesmo tempo a transformou, colocando-se livremente como escravo dos seus irmãos! E fez disso a sua “passagem” para junto de Deus! Esta passagem de Jesus se manifesta na ressurreição. Celebramos Jesus na imagem do cordeiro pascal do A.T., cujo sangue preservou os hebreus do castigo que Deus fez descer sobre os egípcios para que deixassem ir os israelitas. Jesus dá um novo sentido. Mas, continuamos celebrando o nosso Cordeiro pascal, cujo sangue (existência) nos salva; este, porém, não foi sacrificado como um animal sem inteligência, mas porque quis livremente servir-nos no amor até o fim.
A “Páscoa” do messias e do seu povo. Uma das leituras da Vigília Pascal lembra o significado da Páscoa no A.T: a passagem do Senhor Deus para libertar seu povo, arrancando-o das mãos dos egípcios e fazendo-o passar pelo Mar Vermelho a pé enxuto. Para os cristãos, Páscoa é a comemoração da passagem de Jesus, da morte à glória. Deus mostrou-se mais forte que os inimigos de seu plano de amor, que mataram o Messias. O amor venceu, e ressurgiu imortal. O Messias vai agora à frente de seu povo, na “Galileia”, lugar onde se encontram os discípulos. Glorioso, o Ressuscitado conduz novamente os seus fiéis, como ensina o evangelho da Vigília Pascal.
Também nós temos de realizar nossa passagem. No início da Igreja, a noite pascal era a noite em que se administrava o batismo. O batismo significa a nossa “travessia no Mar Vermelho”, a nossa descida com Cristo no sepulcro, para com ele voltar à vida nova, tornando-nos novas criaturas, mortas para o pecado, mas vivendo para Deus, em Cristo. Na Vigília Pascal renovamos nosso compromisso batismal. Morremos e ressuscitamos com Cristo. Essa renovação do compromisso batismal é o “selo” que confirma nossa conversão empreendida na quaresma. A alegria da Páscoa não será por causa do coelhinho e dos presentes que o comércio avidamente nos forneceu. Será a alegria de quem passou da morte para a vida, trilhando os passos de Jesus.
(KONINGS, Johan. Liturgia Dominical. Mistério de Cristo e formação dos fiéis (Anos A –B – C). Petrópolis: Vozes, 2003, pág. 98-99 - adaptação)
Equipe do Catequese Hoje