O anjo do Senhor anunciou à Maria!

(Lc 1,26-38). Deus, mais uma vez, elege a raça adâmica para continuar seu colóquio amoroso. Não leva em conta a dura cerviz de seu povo. Propõe trégua; não se deixa vencer pelo desencanto ou pela decepção; propõe-Se no amor e com amor! Com sorrisos inefáveis Ele, mais uma vez, nos visita. Nossa fé se renova!

 

E ela concebeu do Espírito Santo!

A concepção miraculosa da Virgem revela novos tempos: o poder da fragilidade; o verdadeiro poder dos humanos. Potestade alguma, nem mesmo a Natureza, pode cercear a infinita bondade do Senhor. Desestabilizando os pretensos e bélicos raciocínios, a semente da divina vida é alojada no útero humano! De um broto no tronco de Jessé, a promessa de Graça e Beleza. A força do alto que acompanha o Povo Peregrino ensina que a leveza supera toda pujança e arrogância! Nossa fé se robustece!


 

Eis aqui a Serva do Senhor!

A humanidade, renovada pelo próprio Deus, desperta da inércia, da preguiça e do torpor. Sendo o que sempre foi – frágil e inacabada – a raça eleita coloca-se com prontidão à Graça! Nas sendas da Beatíssima Virgem, queremos – como discípulos/as missionários/as – colocar-nos à disposição do Senhor que vem de novo. Nossa fé nos desinstala!

 

Faça-se em mim segundo a vossa vontade!

Deus se alegra com a humanidade elevada, livre e vitalizada. Eis a Sua maior glória: que o humano viva! Bendita seja, portanto, a humanidade que descobre sua vocação mais profunda: cumprir a vontade do Senhor e buscar o Seu Reino. Por isso mesmo, malditas sejam todas as ações que obscurecem o sentido último da vocação humana, tornando-a pequena e distante do Criador. “Ai de quem escandalizar um destes pequeninos!” (cf. Mt 18,6). Nossa fé nos questiona!

 

E o Verbo se fez carne!

Inaudito acontecimento. Um despropósito incomensurável: Deus se enfraquece para enaltecer Sua criação! Que esplêndida essa majestade que declina do suntuoso para se abeirar das favelas, dos mangues, dos deserdados e dos pobres, dos famintos e tristes, dos escravizados e atormentados, da minha e da tua casa! Por isso mesmo, diga-se um rotundo não às ideologias de ontem e de hoje que negam o mistério da Encarnação. O Divino se humanizou! A carne perdeu sua maldição! Deus a assume e a redime no mistério insondável de Seu amor. Nossa fé nos sensibiliza!

 

E habitou entre nós!

Agora sim! A todos surpreendeu com audácia: tornou-se carne de nossa carne! Ossos de nossos ossos! Emanuel: Deus conosco. O jejum terminou. A luz brilhou nas trevas. Nossas esperanças se refizeram na força frágil de um nazareno recém-nascido! É Natal! Já que é condição da existência, um choro humano se faz ouvir: um menino vem à Luz. Nossa fé se ilumina!

 

Feliz Natal!

Que as surpresas de Deus Menino continuem a nos mover ao longo de 2013. Que sua visita nos fortaleça perante o “novo” que vem!

 

Pe. José Augusto da Silva

Professor de filosofia e teologia na Faculdade Católica de Pouso Alegre-MG

19.12.2012