“Num só corpo há muitos membros, e esses membros não têm todos a mesma função. O mesmo acontece conosco: embora sendo muitos, formamos um só corpo em Cristo, e, cada um por sua vez, é membro dos outros. Mas temos dons diferentes, conforme a graça concedida a cada um de nós”. Rm 12,4-6
Podemos comparar o resultado do trabalho em equipe do grupo de catequistas a uma linda colcha de retalhos.
Na colcha, pedaços diferentes são cuidadosamente pensados e costurados um a um. No caminhar da agulha, quantos pensamentos, ideias, memórias, experiências e sonhos floreiam nossa cabeça! Entre idas e vindas, a costureira atenta alinhava, desmancha e recostura. O trabalho vai tomando forma e a vida, ganhando um olhar mais apurado, fruto da reflexão e interiorização vivenciadas inevitavelmente, ao se juntar a diversidade dos retalhos. Da multiplicidade de formas e cores, surge, em sua beleza singular, a colcha!
Na catequese não é diferente. O grupo de catequistas, precisa se abrir e acolher o novo, assim cada membro vai se unindo aos demais e compondo “a colcha”. São diferentes as experiências de vida, as gerações, a formação, os dons e aptidões que compõem o ser de cada um(a). Como unir os “retalhos”? Como construir a colcha sem deixar nenhum de fora? Os tamanhos, cores, formas... são diferentes. O jeito é colocar todos bem à vista e, com sensibilidade, ir compondo o trabalho, de forma a obter no final, a colcha desejada.
Fazer parte de um grupo de catequistas implica que a educação da fé se baseie sempre na experiência da comunhão, partilha, amor. Por isso, a tarefa do(a) coordenador(a) não é função solitária. É fruto do cuidado, do olhar atento, da escuta apurada, que motiva e proporciona pequenos agrupamentos utilizando os dons e desejos presentes no grupo. Compartilha e divide tarefas propiciando a cumplicidade, a corresponsabilidade que envolve cada um de corpo e alma, sem sobrecarregar uns em detrimento de outros.
É serviço da equipe de coordenação “assumir esse ministério como uma missão que brota de uma experiência de vida cristã comunitária...” DGC 318a, por isso uma de suas atribuições é proporcionar a “experiência de partilha, de descentralização da missão realizada em equipe, de relações fraternas, sinalizadoras de um modo novo de viver que brota do evangelho” DGC 318e.
Para a formação de equipes, a coordenação precisa colocar em prática cuidadosa percepção para identificar no grupo saberes, capacidades, valores, criatividade, habilidades... e desenvolver as posturas necessárias para o trabalho em equipe. Propiciar vivências com relação à escuta, abertura para aprender, dialogar, reconhecer valores e deficiências, a solidariedade nas dificuldades e conquistas, de organização e aprimorar a consciência crítica, a participação e compromisso. DGC 318i.
A formação de algumas equipes em muito contribui ao processo da educação e vivência da fé em comunidade. Aproveitando os recursos humanos, as aptidões e desejos do grupo, cada catequista se insere numa pequena equipe que contribuirá com o trabalho não só da coordenação, mas de todo o grupo. Alguns exemplos de equipes: secretaria, espiritualidade, animação, formação.
1. Secretaria: manterá atualizados os dados dos catequistas e catequizandos. Cada catequista deve possuir os dados como nome, telefone, e-mail... dos catequistas da paróquia bem como os dados completos dos catequizandos de sua turma. Fará o registro dos encontros de catequistas, das decisões, cronogramas e planejamentos e os disponibilizará para todos.
2. Espiritualidade: cuidará dos momentos de oração, de celebração, ambientação que propicie o verdadeiro encontro, seja com catequistas, pais ou na sugestão de momentos de oração nos encontros com catequizandos... zelando pela facilitação da interiorização e vivência de momentos simples mas ricos da força do Espírito que anima, inspira e impulsiona para a ação na vida. Motivará para a participação efetiva na liturgia e será o elo entre a equipe de liturgia da paróquia e a catequese. Estará atenta para o espaço e preparação dos catequizando para a participação nas celebrações dominicais, oferecendo oportunidades diversas a todos.
3. Animação: é o grupo da comunicação. Criatividade, alegria, cuidado... são alimentos deste grupo para que fortaleça os laços e motive a relação fraterna no grupo. Além de estar alerta às datas, movimenta o grupo para lembrar e/ou celebrar aniversários, casamentos, encontros, reuniões, confraternizações, cuida para que todos se lembrem e se preparem para as mesmas. Cuida para que todos estejam atentos às datas, horários... seja por telefone, e-mails, visitas, bilhetinhos... Em sintonia com a equipe de espiritualidade, prepara o ambiente e propicia ao grupo momentos de aconchego. Cuida para que os novatos se insiram e sejam acolhidos pelo grupo. Resgata quem está afastado, cria e recria estratégias de convivência num clima de diálogo e respeito.
4. Formação: deve estar atenta a todas as possibilidades de crescimento. Incentiva a formação e utilização da biblioteca do grupo, está atenta aos encontros, cursos, textos, artigos que possam ser disponibilizados. Cuida delicadamente, junto com o grupo, dos encontros com os pais, facilitando uma vivência e participação dos mesmos na comunidade. Motiva a participação nos encontros de formação de catequistas, paroquial, forania, região, diocese...
De acordo com a quantidade de catequistas da paróquia, outras equipes poderão ser formadas (ou as citadas acima ser reduzidas). O que se faz necessário é a integração profunda da coordenação com cada equipe, para que todos se sintam valorizados e participantes e a coordenação não fique sobrecarregada. Pois, a tarefa de uma ação participativa requer cuidados com o que é inevitável na relação humana: lidar com desencontros, problemas e conflitos com calma, num clima de diálogo, solidariedade, ajuda mútua e valorização das diferentes capacidades do grupo.
Assim, a colcha vai ficando pronta e, na unimultiplicidade, a Trindade vai criando, cuidando e inspirando a costura.
“A nossa capacidade vem de Deus, que nos tornou capazes de exercer o ministério da aliança nova, não da letra, mas do Espírito” 2 Cor3,5b-6ª
Ana Angélica Ribeiro
Comissão Regional Bíblico-Catequética do Leste 2
15.08.2012