Minha amiga com a Bíblia na mão, sua paixão

 

Ela é uma amiga querida que a catequese e a vida me deram! Fui até ela depois de meses sem vê-la, uma alegria encontrá-la. E o que me disse, no meio da conversa, me fez agora perder o sono. Necessidade de colocar no papel o que me comoveu e alegrou o coração. 

Eu a conheci já como catequista de catequista. Pois ela decidiu, depois de se recuperar de um período de dores após uma queda, atender ao pedido de uma catequista que queria formação. Marcou encontros semanais em sua casa e começou a fazer o que sempre fez: preparar catequista. E me contou com brilho nos olhos que isso a alegrou e a refez. E que, além disso, aprende com a catequista que lhe pediu ajuda, pois essa moça, diz ela, tem um olhar atento a tudo e um jeito bom de saborear as coisas. 

Impressionante, pensei comigo mesma, olhando para o brilho do olhar dela e para o sorriso no rosto. Enchi o olho d’água e fiquei comovida, sem palavras. Pensei: ela ainda ama a catequese e encontrou aos 93 anos um novo motivo para viver essa vocação e esse amor que a moveu a vida inteira. 

E caminhando de volta pra casa olhei para mim mesma e o cansaço do dia se foi. Também achei ridícula minha justa angústia diante da partilha que fiz sobre a alta rotatividade dos catequistas e do fato de que isso impede, em muitos lugares, a catequese de avançar. Pois enquanto tivermos uma catequista que mesmo sem condições físicas, financeiras, materiais, conseguir acreditar na educação da fé e fazer de tudo para melhorar a formação de uma só catequista, a catequese terá futuro, está a salvo. 

A maturidade da fé cristã depende de catequistas que sabem da importância da iniciação à fé e ao seguimento de Jesus Cristo. Sem preocupação com o quanto de tempo gastará ou, no caso dessa amiga, até se terá tempo de terminar o processo de formação. O que importa é cuidar do que é o mais importante: a formação de catequista. 

Aí está uma razão para viver: ajudar uma catequista crescer na fé, na compreensão de si mesma, no amor a Jesus Cristo e a Igreja, no amor ao catequizando, o que a faz aprender o melhor jeito e linguagem para chegar ao seu coração. 

Ah! Que lindo! Amar e Servir com alegria, fazer o que é possível para o bem da catequese. E, ao servir deixar-se modificar pelo outro, aprender. Que maturidade de fé e de amor, que paixão pelo Reino! 

Minha amiga não me contou para se exaltar ou para que eu contasse esse fato a alguém. Mas não resisti, transborda em mim o desejo de espalhar experiência tão linda. E a razão pela qual eu faço isso é para animar você a seguir em frente, a dedicar a vida pela causa do Reino, como catequista. 

Lembrei-me de outros rostos queridos, de tantas(os) catequistas que encontrei pela vida e reverencio essa gente que resiste e insiste em continuar na catequese apesar de tantos desafios, que se dá generosamente e inventa jeitos novos de cuidar da própria formação. E termino enviando um beijo pra Deus que em sua grande bondade e amor nos chamou a ser catequista, coisa tão linda na sua Igreja. 

 

Lucimara Trevizan

Coordenadora da Comissão Bíblico-Catequética do Leste 2

12.08.2016