Na liturgia da Igreja Católica, o Tempo Pascal se encerra com a celebração de Pentecostes. Celebrar o Tempo Pascal é celebrar o Deus que constrói uma história de salvação com a humanidade, que se manifesta em Jesus Cristo com o rosto humano de Pai Misericordioso e que nos cumula, com o envio de seu Espírito Santo, de dons e nos confirma na missão de testemunhar e anunciar Jesus Cristo ao mundo. 

Esse é o percurso proposto nos Exercícios Espirituais de Santo Inácio: que o exercitante se experimente criatura amada e perdoada por Deus, chamada à construção do Reino de Deus por meio da contínua configuração com Jesus Cristo. 

A ação do Espírito Santo, portanto, plenifica a nossa vida e nos faz copartícipes da obra de salvação. 

Retomar os instantes significativos da sua vida à luz da ação contínua de Deus e de suas marcas na própria vida (teografia), tornando novas todas as coisas. 

Colocar-se na presença de Deus, tomando consciência de si mesmo, diante Dele, desejando um encontro pessoal. 

Graça a ser pedida na oração: Conhecimento de tanto bem recebido, para em tudo amar e servir.

Para refletir:

João 14, 15-20; 25-26

“Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós. Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós. Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis; porque eu vivo, e vós vivereis.

Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós. (...)

Tenho-vos dito isto, estando convosco. Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”. 

O ROSTO RISONHO DE DEUS – Rubem Alves 

“(...) Deus, para falar de si, tornou-se homem. Fala sobre Deus é fala sobre um homem. A palavra se fez carne. Nosso irmão. Um de nós. Nasceu, viveu, morreu... Se alguém me perguntasse: “Quem é você?! Sabe o que eu diria? Primeiro, vou dizer o que eu não diria. Nada falaria sobre meus intestinos, sobre meus dentes, sobre minha pressão arterial. Sabe por quê? Estas coisas não nos ajudam a sorrir um para o outro. Mas tudo ficaria diferente se eu falasse sobre meus sonhos, as coisas de que gosto, saudades e esperanças. Aí, neste dizer de desejos, talvez descubramos que podemos nos tornar amigos, caminhar juntos... Ou talvez descubramos que nada temos em comum, que nossas solidariedades são distintas. Ah! É sempre assim. ‘Como andarão dois juntos se não estiverem de acordo?’ E os fortes e os fracos tomam caminhos diferentes, os que querem preservar o presente e os que querem que deste presente surja um novo mundo... 

Nós não somos a substância de que somos feitos: carne, ossos, sangue. Somos os nossos desejos, as nostalgias, o amor que nasce desta carne, pelo sopro milagroso de um vento que anda por aí... Como se o Espírito de Deus nos engravidasse. ‘Quem é nascido da carne é carne. É-vos necessário nascer de novo’ (...).”

ALVES, R. Creio na Ressurreição do corpo: meditações. São Paulo: Paulus, 1984. p.30-31.

 

Concluir com uma conversa íntima com o Senhor, agradecendo por este encontro. 

 

Juliano Oliveira

Diretor da Formação cristã do Colégio Loyola-BH.