Dona Cila (Maria Gadú)
De todo o amor que eu tenho / Metade foi tu que me deu
Salvando minh'alma da vida / Sorrindo e fazendo o meu eu
Se queres partir ir embora / Me olha da onde estiver
Que eu vou te mostrar que eu to pronta / Me colha madura do pé
Salve, salve essa nega / Que axé ela tem
Te carrego no colo e te dou minha mão
Minha vida depende só do teu encanto
Cila pode ir tranquila / Teu rebanho tá pronto
Teu olho que brilha e não para / Tuas mãos de fazer tudo e até
A vida que chamo de minha / Neguinha, te encontro na fé
Me mostre um caminho agora / Um jeito de estar sem você
O apego não quer ir embora / Diaxo, ele tem que querer
Ó meu pai do céu, limpe tudo aí
Vai chegar a rainha / Precisando dormir
Quando ela chegar / Tu me faça um favor
Dê um manto a ela, que ela me benze aonde eu for
O fardo pesado que levas / Deságua na força que tens
Teu lar é no reino divino / Limpinho cheirando alecrim.
A música é um grande hino-poema de amor à avó da Maria Gadu, o reconhecimento da importância dela na sua vida: “De todo o amor que eu tenho / Metade foi tu que me deu / Salvando minh`alma da vida / Sorrindo e fazendo o meu eu / Se queres partir ir embora / Me olha da onde estiver / Que eu vou te mostrar que eu to pronta / Me colha madura do pé” . O clip mostra a cenas importantes da menina com a avó.
É uma reverência a tudo o que a avó significa e, ao mesmo tempo, é uma prece de entrega dela a Deus, com um amor generoso. Último gesto de cuidado e amor com a avó. A avó não pode ir a outro lugar que não seja céu: “no reino divino limpinho, cheirando alecrim”. E pede “Me mostra um caminho agora, um jeito de estar sem você. O apego não quer ir embora. Diaxo, ele tem que querer”...
Daí lembrei das “Cilas” que todos temos na vida. Das “Cilas” que a vida nos deu e dá, as avós e as outras mulheres que são como elas, presentes gratuitos de cuidado e carinho no dia-a-dia da gente. Deu saudade enorme de ter avó, deu saudade da amiga-avó que perdi...
A melodia parece uma cantiga de ninar para avó e, claro, como adulta sem avó, terminei o dia querendo algo para embalar a vida.
É advento e exclamo baixinho: Vem, Senhor, vem nos salvar! Só o menino-Deus para me curar de ser grande! Só Ele pra entender e me devolver o vazio e a saudade, sinais claros de sua presença.
Obs: ótima música para encontros catequéticos sobre o sentido da vida, sobre o amor, sobre o valor da família, sobre a perda de um ente querido.
Lucimara Trevizan
Equipe do site
12.12.2016