Refrão meditativo...
Uma história: Thomas Ann, uma mulher divorciada com um filho, aprendeu a misericórdia da maneira mais dura. Ela mergulhou em um poço de raiva e vingança, quando seu filho único, calouro da universidade, foi assassinado por um marginal de 17 anos que lhe pediu carona e que, ao entrar no carro, apontou uma pistola ao jovem condutor. O assassinato de seu filho foi um ato fortuito, sem motivo e indefensável. E o seu filho não foi a única pessoa a morrer nessa noite – Thomas Ann ficou sozinha, confusa, cheia daquele tipo de dor e ódio que paralisa o coração e faz parar a vida, mesmo a dos que estão vivos.
O seu filho, um bom rapaz, estudante de sucesso, a esperança de sua vida, tinha partido. Ela estava agora completamente só, sem futuro, sem esperança, aparentemente sem nenhuma razão para viver. Mas, 13 anos depois, Thomas Ann visitou o assassino do seu filho na prisão, tendo como única intenção obter informações sobre a noite do assassinato. Entretanto, durante a conversa, o jovem baixou a cabeça sobre a mesinha à qual ambos estavam sentados e começou a chorar, e, então ela o tocou e começou a conhecê-lo.
A história chocou o país. “Como pôde ela fazer aquilo?” questionavam as pessoas. Ou talvez, mais corretamente, se pergutassem: “Seria eu capaz de fazer tal coisa? Seria eu capaz de ser tão misericordioso para com quem me tivesse feito algo tão destituído de sentido, tão abominável, tão destrutivo?”
A resposta de Thomas Ann a essas perguntas foi simples: “Se fosse meu filho que estivesse sentado naquela sala”, disse ela, “eu gostaria de que alguém lhe desse a mão para o ajudar a erguer-se”.
(Chittister, Joan. O sopro da vida interior. A oração como experiência de misericórdia. São Paulo, Paulinas, 2015).
Leitura - Lc 10,25-37
Partilha... (Quem ainda não experimentou o que é ser ferido, por ódio ou por negligência, quem nunca viu passarem-lhe ao lado, na estrada da vida, aqueles que pensava que, com certeza, o iriam ajudar? Quem não sabe o que é ser alvo de chacota ou de rejeição ou de inveja ou de má interpretação, ou quem nunca foi algo de ideias estereotipadas? Quem nunca sentiu o efeito embrutecedor das ideias que nos fazem cativos dos objetivos e ambições dos outros e nos tornam, ao mesmo tempo, oprimidos e opressores?
O samaritano mostra que quando curo o outro, curo qualquer coisa em mim. Aqueles que não conseguem ultrapassar suas fronteiras interiores para curar os feridos, continuarão a viver com as suas próprias feridas para sempre)
Rezemos juntos:
Todos: Ajuda-me Senhor,
- a que meus olhos sejam misericordiosos, para que eu jamais suspeite ou julgue segundo as aparências, mas que busque o belo na alma de meu próximo e acuda em ajudá-lo;
Todos: Ajuda-me Senhor,
- a que meus ouvidos sejam misericordiosos, para que leve em conta as necessidades de meus próximos e não seja indiferente às suas penas e gemidos;
Todos: Ajuda-me Senhor,
- a que minha língua seja misericordiosa, para que jamais fale negativamente de meus próximos mas que tenha uma palavra de consolo e perdão para todos;
Todos: Ajuda-me Senhor,
- a que minhas mãos sejam misericordiosas e cheias de boas obras;
Todos: Ajuda-me Senhor,
- a que meus pés sejam misericordiosos para que sempre me apresse em socorrer meu próximo, dominando minha própria fadiga e meu cansaço.
Todos: Ajuda-me Senhor,
- a que meu coração seja misericordioso, para que eu sinta todos os sofrimentos de meu próximo”.
Todos: Ajuda-me Senhor.
(Pe. Adroaldo Palaoro sj)