1. O Concílio Vaticano II e a catequese

O Concílio Vaticano II não tratou especificamente da Catequese, mas o pouco que disse foi suficiente para iluminar sua caminhada até os dias atuais. O Decreto sobre a atividade missionária da Igreja, Ad Gentes, ressalta o grande valor da catequese na ação pastoral, dizendo: “o ofício dos catequistas assume máxima importância em nossos dias (...) diante da tarefa de evangelizar tantas multidões”... (17,914). Já o Decreto Christus Dominus, sobre a ação pastoral dos bispos, pede aos pastores: “Preocupem-se com a instrução catequética, que tem por fim tornar viva, explícita e operosa a fé ilustrada pela doutrina, seja administrada com diligente cuidado quer às crianças e adolescentes, quer aos jovens e mesmo adultos (...). Esta instrução se baseie na Sagrada Escritura, na Tradição, na Liturgia, no Magistério e na vida da Igreja” (14,1043). Em se tratando da necessária interação entre catequese e Liturgia, foi a Declaração sobre a Educação Cristã, intitulada Gravissimum Educationis, que mais claramente definiu o objetivo da catequese, ao afirmar que ela “ilumina e fortifica a fé, nutre a vida segundo o espírito de Cristo, leva a uma participação consciente e ativa no mistério litúrgico e desperta para a atividade apostólica” (4,1509).

 

 

2. Catequese Hoje

O papa João Paulo II escreveu um importante documento sobre a catequese, chamado Catechesi Tradendae, no qual afirma:  "A catequese está intrinsecamente ligada com toda a ação litúrgica e sacramental, porque é nos Sacramentos, e sobretudo na Eucaristia, que Cristo Jesus age em plenitude para a transformação dos homens. (...) A catequese leva necessariamente aos sacramentos da fé. Por outro lado, uma autêntica prática dos Sacramentos tem forçosamente um aspecto catequético. Por outras palavras, a vida sacramental se empobrece e bem depressa se torna um ritualismo oco, se ela não estiver fundada num conhecimento sério do que significam os sacramentos. E a catequese intelectualiza-se, se não haurir vida numa prática sacramental" (CT 23).

3. O Documento Catequese Renovada

Mas o grande marco na dimensão catequética, para nós, brasileiros, foi o documento 26 da CNBB, Catequese Renovada (CR). Seu impacto mudou a rota da caminhada da catequese, além de influenciar profundamente outras dimensões da pastoral da Igreja, tal foi o seu alcance. Dois números desse documento merecem destaque por refletirem a importante interação entre Catequese e Liturgia. No número 89 se lê: “Não só pela riqueza de seu conteúdo bíblico, mas pela sua natureza de síntese e cume de toda a vida cristã, a Liturgia é fonte inesgotável de Catequese. Nela se encontram a ação santificadora de Deus e a expressão orante da fé da comunidade.  As celebrações litúrgicas, com a riqueza de suas palavras e ações, mensagens e sinais, podem ser consideradas uma “catequese em ato”. Mas, por sua vez, para serem bem compreendidas e participadas, as celebrações litúrgicas ou sacramentais exigem uma catequese de preparação ou iniciação”. E o número posterior acrescenta: “A Liturgia, com sua peculiar organização do tempo (domingos, períodos litúrgicos como Advento, Natal, Quaresma, Páscoa, etc) pode e deve ser ocasião privilegiada de catequese, abrindo novas perspectivas para o crescimento da fé,  através das orações, reflexão, imitação dos santos, e descoberta não só intelectual, mas também sensível e estética dos valores e das expressões da vida cristã”  (CR 90).

Pe. Vanildo Paiva

Mestrando em Psicologia e Professor do IRPAC

02.05.2012