O novo Diretório para a catequese se destaca pela íntima união entre o primeiro anúncio e o amadurecimento da fé, à luz da cultura do encontro. Os adultos são os primeiros interlocutores a beber na fonte da nova evangelização, que os convida a reconhecer a força salvífica das suas vidas e a colocá-los no centro da vida comunitária, lugar gerador das vocações para a práticas pastorais que animam a vida da Igreja.

Olhando para a história da catequese, hoje, sabemos que ela seguiu muitos caminhos desde aquele primeiro envio de catequistas realizado pelo próprio Cristo: “Ide e fazei com que todos os povos se tornem discípulos” (MT 28,19). Uma vez mais surge o desafio suscitado pelo Espírito: Mais do que ajudar os adultos a conhecerem os conteúdos que amparam sua fé, precisa-se ajudá-los a fazer o caminho do aprofundamento mistagógico da pessoa de Cristo e de seu Reino, centro e horizonte maior de uma fé adulta.  Mistagogia se refere ao ato de iniciar e instruir (alguém) nos caminhos misteriosos de uma religião.

O documento “Catequistas para catequese com adultos” da CNBB, página 39, diz que: “A redescoberta da Catequese com adultos e o seu potencial evangelizador é vista como uma possível resposta para o contexto de Igreja em que se vive hoje.” Mas uma catequese que não pode ser feita a partir de Manuais. Ao desenvolver o processo catequético para com os adultos são destacados valores próprios e fundamentais do cristianismo que estão presentes na catequese: a Bíblia e a liturgia.

Pensando a catequese com adulto dessa forma, a Igreja retoma seu sentido dos primeiros séculos onde havia uma integração entre Catequese-Liturgia-Palavra de Deus, conhecida como “Iniciação cristã” e considerada como missão específica da catequese. Uma iniciação que não pode ser vista como atos isolados de formação, mas como um processo contínuo e permanente que possibilita às pessoas um crescimento gradual no conhecimento, no amor, no seguimento, fazendo delas pessoas esclarecidas, conscientes e coerentes na vivência da fé, isto é, pessoas que tenham identidade cristã.

Faz parte integrante da Iniciação Cristã “o catecumenato” apresentado em várias etapas dentro do processo de evangelização. Ele é proposto pelo Ritual de Iniciação cristã dos Adultos (RICA), Sua duração é prolongada, e deve prolongar-se e, se necessário, mesmo por vários anos, para que a conversão e a fé dos catecúmenos (catequizandos) possam amadurecer (RICA n. 98).

O Catecumenato torna-se, hoje, objeto de cuidada reflexão, quer por parte do nosso presbítero, quer por parte dos catequistas sobre a iniciação catequética, espiritual e litúrgica dos adultos. O RICA oferece para a catequese as normas litúrgicas a serem cumpridas no decorrer do processo formativo, possibilitando aos catecúmenos (adultos, jovens e crianças) a vivência da interação “fé e vida”.  Nesse sentido a catequese de Iniciação Cristã com os adultos, utilizando-se do modelo catecumenal, proporciona ao catequizando uma preparação que vai além do simples preparar-se para receber os sacramentos.

A Catequese de Iniciação cristã com os adultos introduz a pessoa também nas celebrações litúrgicas. Assim, considerando o tempo apropriado e cumprindo suas etapas, o catecúmeno, ao fazer o caminho rumo ao amadurecimento da fé, o faz como portas a serem atravessadas ou como degraus a serem subidos. Para cada etapa há uma celebração e ritos próprios. As orientações e os ritos estão no RICA. Nele encontra-se o que diz respeito às normas litúrgicas sobre o catecumenato, a saber: o processo composto por diferentes tempos de informação e amadurecimento catecumenal, de preferência culminando no ciclo pascal no ano; o sentido de cada tempo com seus objetivos, meios, duração, ritos e símbolos; as celebrações que marcam a passagem de um tempo para outro (chamadas “etapas”). São elas: Pré-catecumenato, Catecumenato, Purificação e Iluminação, a Iniciação nos Sacramentos e a Mistagogia.

Vejamos suas etapas:

1 – Pré-catecumenato: Não se pode entrar para o catecumenato sem um tempo prévio e fundamental de pré-catecumenato. Aqui, se requer informação da parte do candidato e da parte da Igreja. Tempo reservado à evangelização, encerrando-se com o ingresso na ordem dos catecúmenos, que é quando começa propriamente dito o processo de iniciação.

Para se começar um catecumenato necessita-se de uma comunidade viva e o ministério dos introdutores e dos catequistas, além dos ordenados. A convocação dos participantes pode ser feita nas próprias celebrações dominicais.

O pré-catecumenato tem por objetivo: a adesão a Jesus Cristo; a conversão de vida e a sensibilidade eclesial. Esse tempo inicial se refere ao chamado “querígma”, a apresentação do primeiro anúncio sobre Jesus de forma a lhe fazer arder o coração, a exemplo dos discípulos de Emaús (Lc 24-32). Nos tempos atuais, torna-se necessário rememorizar esse anúncio. Ele carrega consigo a prática da fraternidade e o amor ao próximo ajudando as pessoas a ir adiante no caminho de Jesus. A proposta é fazer um “segundo” primeiro anúncio para atender aos adultos que ficaram afastados da fé da Igreja, mas que estão retornando e quem se ingressar nas atividades da vida da comunidade.

O tempo tem muita importância e não deve ser omitido, pois é o tempo da evangelização em que, com firmeza e confiança, se anuncia o Deus e Jesus Cristo, enviado por Ele para a salvação de todos (RICA, n. 9). É um tempo que começa com uma conversa do catequista com a pessoa interessada em fazer a caminhada da fé, prolonga-se por um período indeterminado e termina com a entrada no catecumenato. Esse tempo contribui para que, os não cristãos, cujo coração é aberto pelo Espírito Santo, creiam e se convertem ao Senhor, aderindo lealmente àquele que, sendo o caminho, a verdade e a vida, satisfaz e até supera infinitamente a todas as suas expectativas. O catecúmeno se chega ao sacramento depois de percorrer os caminhos da conversão e da fé.

Da evangelização brota a fé e a conversão inicial. À evangelização é dedicado todo o tempo do pré-catecumenato, para que se amadureça a vontade sincera de seguir o Cristo e pedir o Batismo (no caso dos não batizados), crescer na fé (no caso dos batizados mas não evangelizados, etc.) mediante a apresentação do Evangelho aos candidatos.

Nesse tempo de evangelização várias estratégias podem ser utilizadas, conforme o RICA: A conversa inicial dos catequistas, o acompanhamento dado pelos instrutores, leitura bíblica e a oração pessoal, a aproximação à comunidade, etc. Pode-se buscar, sempre, uma melhor maneira de utilizá-las, e até mesmo, levantar outras estratégias convenientes ao tempo da evangelização.

Continuaremos com as demais etapas no próximo encontro.

Neuza Silveira de Souza

Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano
Bíblico-Catequético de Belo Horizonte