Batolomé Murilo - bodas de caná

 

Introdução

Como já vimos, característico para o Evangelho de João é seu simbolismo. Através de metáforas, ele procura mostrar quem é Jesus para nós, para nossa comunidade. Os milagres em João, chamados “sinais”, têm por objetivo mostrar quem é Jesus, o Senhor Ressuscitado.

Vamos abordar o sinal do VINHO. Jesus é o Vinho novo que nos dá alegria, força, união.

(Preparemos para a celebração uma taça de vinho, suficiente para todos tomarem dela) 

O vinho no Antigo Testamento

O símbolo do vinho, do vinhateiro, da videira perpassa toda a Bíblia. No Primeiro Testamento, a Vinha é o Povo de Deus. Infelizmente, esta vinha não está dando bons frutos. Vamos parar um pouco e ler Is 5,1-7. (Tempo para leitura. Se nem todos têm a Bíblia na mão, pode-se fazer a leitura duas vezes. Depois, comentemos a leitura). 

A comparação com a festa de casamento

Em vez de usar a metáfora da vinha, a Bíblia usa também a comparação com o casamento, uma festa de núpcias. Deus se casa com seu Povo, faz com ele uma eterna Aliança.

O Profeta Oséias cita as palavras de Deus:

“eu me casarei com você para sempre; me casarei com você na justiça e no direito,

no amor e na ternura.

Eu me casarei com você na fidelidade, e você conhecerá a Javé!” (Os 2,21-22).

Mas o Povo não responde ao amor de Deus com a mesma fidelidade. A Bíblia relata, constantemente, os pecados de Israel que se torna assim uma esposa infiel.

A Aliança no Novo Testamento

O tema da Aliança como casamento continua no Novo Testamento. No Novo Testamento, o Senhor Ressuscitado se “casa” com sua comunidade, a Igreja. Todos os textos do Novo Testamento que falam de Noivo, casamento, banquete de núpcias se referem à Aliança que Deus faz conosco em Cristo, o verdadeiro Noivo. A narração das Bodas de Caná fala disto.

Vamos ler Jo 2,1-11 (tempo para leitura e comentário).

 Como interpretar o texto?

Não devemos tomar esta leitura apenas como um relato em que Jesus, convidado para um casamento, alivia os apuros do noivo, mudando 600 litros de água no vinho.

Em João, as narrações têm um sentido muito profundo. Se ficarmos numa leitura literal somente, perdemos a profundidade da mensagem. João quer dizer que a festa do Reino de Deus já está acontecendo.

Vamos observar o sentido de alguns detalhes.

a) Jesus fez o sinal no terceiro dia. O terceiro dia nos lembra a Ressurreição. João está falando do Senhor Ressuscitado e da comunidade dos seus discípulos. Onde estão os noivos na história? Praticamente, não aparecem. É porque quem é o verdadeiro noivo é Jesus e a noiva é a comunidade. 

b) As seis talhas de pedra simbolizam a lei do Antigo Testamento e a Aliança de Deus com seu povo, concluída no Monte Sinai. Seis é o número que indica algo incompleto. Sete é a plenitude, seis chega quase a isto. João quer dizer que, para a comunidade cristã, a Aliança está completa em Jesus que vem lhe dar perfeição. 

c) Jesus manda encher as talhas com água e transforma a água em vinho. São seiscentos litros. É vinho em abundância, sinal do Reino quase plenificado. (Setecentos litros seria a plenitude que se dará no fim dos tempos.) Jesus é o Vinho Novo que transforma a Lei simbolizada pela água, com novo vigor e alegria. Sobrou vinho, e muito! Podemos nos perguntar: que fizeram com esse vinho que sobrou? Nós bebemos dele até hoje, na Eucaristia.

João compara Jesus e a comunidade também com uma videira (Jo 15, 1-8)

Primeiro, vamos fazer a leitura, com muita atenção. A videira é a imagem da comunidade. Jesus é aquele que está ligado à sua comunidade, como um todo. Sacia a sua comunidade com o Vinho Novo que nos dá vigor, alegria, união. Ele nos dá de beber este Vinho em cada Eucaristia formando, assim, sua comunidade em cada festa de união e amor mútuo.

Vamos fazer uma breve celebração

a) Coloquemos uma taça com vinho, bastante para todos os participantes tomarem.

Olhemos este vinho. O que este símbolo nos diz.

b) Leiamos Jo 15, 4a e 5b

“Permanecei em mim e eu permanecerei em vós.

Quem permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto,

pois, sem mim nada podeis fazer.”

c) Vamos refletir: que quer dizer, bem concretamente em nossa vida, que Jesus é o Vinho Novo? Isto tem algo a ver com nossa comunidade (Paróquia... Catequese...)? O quê?

d) Depois da reflexão, passemos a taça e todos tomam dela. Porém, antes de tomar, cada um diz: “Jesus é para mim o Vinho que...”

Depois de tomar o vinho, fiquemos alguns minutos em silêncio.

e) Terminemos cantando:

Permanecei em nós, é teu pedido, Senhor,

nós ficaremos em Vós, é tua promessa de amor.

Une em ti, nosso Senhor, o nosso nada com o teu ser,

nossa fraqueza e a tua força, nosso viver com o teu viver.

Permanecei em nós...

 

Inês Broshuis

Comissão Bíblico-Catequética do Regional Leste 2